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21 maio 2011

Minerinho come queito e leva Rio Pro

surfe Adriano de Souza Mineirinho vence Rio Pro barra  (Foto: Wagner Meier / Agência Estado)

Ele chegou ao Rio de Janeiro economizando palavras, correndo pelas beiradas. E saiu do mar da Barra da Tijuca, nesta sexta-feira, como número 1 do mundo. Adriano de Souza, Mineirinho, derrotou o australiano Taj Burrow na final do Rio Pro e conquistou pela primeira vez a etapa brasileira do Circuito Mundial. O país, pela primeira vez na história, está na liderança do ranking.

O australiano Joel Parkinson, então vice, chegou a assumir a ponta depois da eliminação do americano Kelly Slater, agora terceiro. O sul-africano Jordy Smith caiu para quarto, posição que o brasileiro ocupava.

- Eu hoje defendi o sangue do Jadson (André), que foi campeão no ano passado. Kelly (Slater), Joel (Parkinson), Taj (Burrow)... são todos grandes surfistas. Mas, se os caras caírem, eu vou tentar o meu melhor - disse, entre lágrimas, o brasileiro.

A quarta das 11 etapas da temporada será em Jeffrey's Bay, na África do Sul, a partir do dia 14 de junho.


Mineirinho passa por baterias e se sagra campeão na Barra

O Circuito Mundial de surfe começou em 1976, ano em que Pepê Lopes conquistou o Waimea 5000 nas ondas do Arpoador. Nesse tempo todo, o melhor resultado de um brasileiro no ranking tinha sido do próprio Mineirinho, quando o paulista do Guarujá abriu o ano com um vice na Gold Coast, em 2009. Mas é de Victor Ribas a melhor campanha em uma temporada inteira: terceiro em 1999.

Pepê foi lembrado no pódio. Além do troféu e dos US$ 100 mil (cerca de R$ 160 mil), Mineirinho ganhou uma prancha pintada com uma imagem do carioca, falecido em 1991 em um campeonato de voo livre.

- Posso morrer feliz da vida, pois venci esse campeonato. Entrei para a história do surfe brasileiro agora. Antes, todo mundo falava que eu poderia, mas era difícil eu acreditar, pois ainda não tinha vencido um grande evento no meu país. Agora o dia chegou. Sabia que essa mudança para o Rio de Janeiro poderia ser boa para mim. E foi o que aconteceu.

A vitória estava engasgada. Mineirinho tinha batido na trave no Brasil em 2009, quando perdeu a final em Imbituba para Kelly Slater. Naquele mesmo ano, conquistou sua primeira vitória no Circuito Mundial. Nas ondas de Sopelana, pico alternativo à mítica Mundaka, no País Basco.

Barra com ar de Mundaka

Houve quem dissesse que a Barra, com ondas de 1,5m e proporcionando tubos, estava com cara de Mundaka. O americano Bobby Martinez, bicampeão da etapa do País Basco, abriu bem o dia, eliminando o compatriota Damien Hobgood. Depois, porém, caiu diante de Taj.

Logo depois, o francês Jeremy Flores derrubava Joel Parkinson, então líder do ranking. O campeão do Pipe Masters vinha de uma derrota amarga, na quarta fase, quando o aussie tirou 9,73 nos últimos segundos. Jeremy bateu Parko, mas não conseguiu parar Taj.

Do outro lado da chave, Mineirinho ia passando aos trancos e barrancos. Na primeira do dia, viu o taitiano Michel Bourez machucar o ombro e desistir da disputa. Mesmo depois de o adversário sair da água, ele continuou lá até o fim dos 30 minutos.

Na bateria seguinte, contra Owen Wright, teve de esperar mais do que o tempo do confronto. Somente quando estava no palanque soube o resultado: um vitória apertada e polêmica. O australiano precisava de 6,71 e tirou 6,60. Sua primeira onda, nota 7,50, tinha sido similar.

Um pouco antes, Taj Burrow dava mais um show. Depois passar por Bobby Martinez, carrasco de Kelly Slater, mandou para casa Jeremy Flores, responsável pela eliminação de Joel Parkinson. Na primeira bateria do dia, tirou 9,33 e 6,93. Na segunda, 8,60 e 7,67 para mandar o pequeno príncipe francês, campeão do Pipe Masters, de volta para casa.

Para ir à final, Mineirinho venceu uma bateria fraca contra o aussie Bede Durbidge, carrasco de Raoni Monteiro na repescagem e campeão em Imbituba em 2008. Sem ondas boas, os dois fizeram um duelo apertado, mas o brasileiro levou a melhor.
- A cada ano que passa venho lutando cada vez mais. Na Austrália, peguei o Taj em um dia inspirado e perdi com uma somatória deele de quase 19,00. Eu sabia que se eu continuasse daquele jeito conseguiria bons resultados durante o ano.
Taj tinha feito uma campanha impecável no campeonato. Na decisão, assustou ao abrir a bateria com uma nota 7,00. O brasileiro, no entanto, conquistou três séries de boas manobras em sequência (6,50; 8,00 e 7,63) e tomou a liderança. O australiano, que iniciou a bateria com tranquilidade, aguardando as melhores oportunidades, passou a arriscar mais. Mas não adiantou. Caiu em três ondas seguidas.
- Quando eu escutava gritos, sabia que era porque ele tinha caído. Meu medo era quando ninguém gritava.
Sob os gritos da torcida na areia, o brasileiro, emocionado, levou as mãos ao rosto e chorou, sem acreditar: era campeão do Rio Pro. No pódio, ajoelhou-se para agradecer ao público.

- Posso dizer que o público me puxou para a minha colocação hoje.
Final:
1. Adriano de Souza BRA 15,63 x 12,17 Taj Burrow AUS
Semifinais:
1. Taj Burrow AUS 16,27 x 10,50 Jeremy Flores FRA
2. Adriano de Souza BRA 9,00 x 8,40 Bede Durbidge AUS
Quartas de final:
1. Taj Burrow AUS 16,26 x 14,43 Bobby Martinez EUA
2. Jeremy Flores FRA 15,60 x 12,17 Joel Parkinson AUS
3. Bede Durbidge AUS 16,03 x 6,27 Josh Kerr AUS
4. Adriano de Souza BRA 14,23 x 14,10 Owen Wright AUS
Quinta fase - repescagem:
1. Bobby Martinez EUA 14,60 x 12,63 Damien Hobgood EUA
2. Jeremy Flores FRA 12,60 x 11,63 Daniel Ross AUS
3. Bede Durbidge AUS 13,43x 12,63 Raoni Monteiro BRA
4. Adriano de Souza BRA 10,73 x 7,90 Michel Bourez TAH
Top 10 do ranking:
1. Adriano de Souza BRA 20.500
2. Joel Parkinson AUS 19.200
3. Kelly Slater EUA16.950
4.Taj Burrow AUS 16.500
5. Jordy Smith AFS 14.750
6. Owen Wright AUS 12.150
7. Michel Bourez TAH 12.000
8. Mick Fanning AUS 11.500
9. Bede Durbidge AUS 11.000
9. Tiago Pires POR 11.000

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